sábado, 15 de fevereiro de 2014

Índios agradecem ao governo da Paraíba, pela segurança nas aldeias

Índios agradecem ao Governo pela segurança nas aldeias da Paraíba 



Índios representantes das 32 aldeias potiguaras das cidades de Baía da Traição, Rio Tinto e Marcação, localizadas no litoral norte paraibano, prestaram uma homenagem ao Governo do Estado, nesta sexta-feira (14), no Centro de Ensino da Polícia Militar, em João Pessoa, em agradecimento pela implantação da patrulha rural indígena, que foi criada no dia 19 de abril de 2012. Na ocasião, eles apresentaram danças tradicionais e entregaram instrumentos artesanais indígenas ao comandante geral da Polícia Militar, coronel Euller Chaves.
De acordo com o cacique-geral das aldeias, Sandro Gomes, o reforço na segurança era uma reivindicação antiga e agora o policiamento nas aldeias vem devolvendo a tranquilidade para os índios. “A patrulha rural indígena veio trazer sossego para nossa população, pois antes não podíamos ficar com as portas abertas, convivíamos com roubos e tráfico de drogas e hoje já podemos ficar na frente de casa de forma tranquila”, comentou.
Para o capitão indígena José Ciriaco, que exerce o papel de articulador de políticas públicas para os índios, a Paraíba virou referência no país com a implantação do policiamento para atender a população das aldeias. “Hoje nossa tribo potiguara é uma referência no Brasil, pois somos a primeira região a ter um policiamento voltado para garantir a segurança dos índios. Isso trouxe respeito pra gente, que agora tem a Polícia Militar por perto 24 horas, dando segurança ao nosso povo e prevenindo nós, índios, dos males humanos”, destacou capitão
O coronel Euller Chaves, destacou o papel de respeito aos direitos humanos que a patrulha indígena promove. “O governador Ricardo Coutinho, com a forma sensível que vem conduzindo a Paraíba ao promover políticas públicas efetivas para quilombolas, estudantes, trabalhadores do campo e para os índios, demonstra o respeito que o Estado hoje tem com a população e promove os direitos humanos de forma plena. Nós da Polícia Militar, dentro desse contexto, estamos enquanto Estado garantindo a dignidade e buscando a aproximação e proteção de todos para que possam ter todos os direitos fundamentais garantidos”, disse.
A patrulha rural indígena possui duas viaturas realizando rondas durante 24 horas nas aldeias. O policiamento é realizado pela 2ª Companhia Independente da Polícia Militar, que é comandada pelo capitão Alberto Filho, oficial que já atuou pela força nacional de segurança no Estado do Mato Grosso em três operações envolvendo questões indígenas. Ele usa a experiência para manter uma maior aproximação com os índios e estabelecer uma relação de confiança deles com a polícia, inclusive desenvolvendo parcerias e projetos sociais nas aldeias.
Resultados – Em quase dois anos de patrulha rural indígena, as cidades atendidas pelo serviço do policiamento já alcançaram vários resultados positivos. Os números do Núcleo de Análise Criminal e Estatística (Nace) da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social apontam que nas cidades atendidas pelo serviço houve uma média de redução do número de crimes contra a vida de mais de 50%. A cidade de Marcação, por exemplo, não registrou nenhum homicídio no ano passado, enquanto em 2012 foram quatro casos. Já em Rio Tinto, a redução foi de 50% do mesmo tipo de crime.

Para refletir - OS ROLEZINHOS ACUSAM...

Os rolezinhos nos acusam: somos uma sociedade injusta e segregacionista

por Leonardo Boff*
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Foto: Aaron Amat/ Fotolia
Esse tipo de sociedade pode ser chamada ainda de humana e civilizada? Ou é uma forma travestida de barbárie? Esta última lhe convém mais.
O fenômeno dos centenas de rolezinhos que ocuparam shoppings centers no Rio e em São Paulo suscitaram as mais disparatadas interpretações. Algumas, dos acólitos da sociedade neoliberal do consumo que identificam cidadania com capacidade de consumir, geralmente nos jornalões da mídia comercial, nem merecem consideração. São de uma indigência analítica de fazer vergonha.
Mas houve outras análises que foram ao cerne da questão como a do jornalista Mauro Santayana do JB on-line e as de três especialistas que avaliaram a irrupção dos rolês na visibilidade pública e o elemento explosivo que contém. Refiro-me à Valquíria Padilha, professora de sociologia na USP de Ribeirão Preto:”Shopping Center: a catedral das mercadorias”(Boitempo 2006), ao sociólogo da Universidade Federal de Juiz de Fora, Jessé Souza,”Ralé brasileira: quem é e como vive (UFMG 2009) e de Rosa Pinheiro Machado, cientista social com um artigo”Etnografia do Rolezinho”no Zero Hora de 18/1/2014. Os três deram entrevistas esclarecedoras.
Eu por minha parte interpreto da seguinte forma tal irrupção:
Em primeiro lugar, são jovens pobres, das grandes periferias, sem espaços de lazer e de cultura, penalizados por serviços públicos ausentes ou muito ruins como saúde, escola, infra-estrutura sanitária, transporte, lazer e segurança. Veem televisão cujas propagandas os seduzem para um consumo que nunca vão poder realizar. E sabem manejar computadores e entrar nas redes sociais para articular encontros. Seria ridículo exigir deles que teoricamente tematizem sua insatisfação.
Mas sentem na pele o quanto nossa sociedade é malvada porque exclui, despreza e mantém os filhos e filhas da pobreza na invisibilidade forçada. O que se esconde por trás de sua irrupção? O fato de não serem incluidos no contrato social. Não adianta termos uma “constituição cidadã” que neste aspecto é apenas retórica, pois implementou muito pouco do que prometeu em vista da inclusão social. Eles estão fora, não contam, nem sequer servem de carvão para o consumo de nossa fábrica social (Darcy Ribeiro). Estar incluido no contrato social significa ter garantidos os serviços básicos: saúde, educação, moradia, transporte, cultura, lazer e segurança. Quase nada disso funciona nas periferias. O que eles estão dizendo com suas penetrações nos bunkers do consumo? “Oia nóis na fita”; “nois não tamo parado”;”nóis tamo aqui para zoar”(incomodar). Eles estão com seu comportamento rompendo as barreiras do aparheid social.
É uma denúncia de um país altamente injusto (eticamente), dos mais desiguais do mundo (socialmente), organizado sobre um grave pecado social pois contradiz o projeto de Deus (teologicamente). Nossa sociedade é conservadora e nossas elites altamente insensíveis à paixão de seus semelhantes e por isso cínicas.
Continuamos uma Brasilíndia: uma Bélgica rica dentro de uma India pobre. Tudo isso os rolezinhos denunciam, por atos e menos por palavras.
Em segundo lugar, eles denunciam a nossa maior chaga: a desigualdade social cujo verdadeiro nome é injustiça histórica e social. Releva constatar que com as políticas sociais do governo do PT a desigualdade diminuiu, pois segundo o IPEA os 10% mais pobres tiveram entre 2001-2011 um crescimento de renda acumulado de 91,2% enquanto a parte mais rica cresceu 16,6%. Mas esta diferença não atingiu a raíz do problema pois o que supera a desigualdade é uma infraestrutura social de saúde, escola, transporte, cultura e lazer que funcione e acessível a todos. Não é suficiente transferir renda; tem que criar oportunidades e oferecer serviços, coisa que não foi o foco principal no Ministério de Desenvolvimento Social.
O “Atlas da Exclusão Social” de Márcio Poschmann (Cortez 2004) nos mostra que há cerca de 60 milhões de famílias, das quais cinco mil famílias extensas detém 45% da riqueza nacional. Democracia sem igualdade, que é seu pressuposto, é farsa e retórica. Os rolezinhos denunciam essa contradição. Eles entram no “paraíso das mercadorias” vistas virtualmente na TV para ve-las realmente e senti-las nas mãos. Eis o sacrilégio, insuportável para os donos dos shoppings. Eles não sabem dialogar, chamam logo a polícia para bater e fecham as portas a esses bárbaros. Sim, bem o viu T.Todorov em seu livro “Os novos bárbaros”: os marginalizados do mundo inteiro estão saindo da margem e indo rumo ao centro para suscitar a má consciência dos “consumidores felizes” e lhes dizer: esta ordem é ordem na desordem. Ela os faz frustrados e infelizes, tomados de medo, medo dos próprios semelhantes que somos nós.
Por fim, os rolezinhos não querem apenas consumir. Não são animaizinhos famintos. Eles tem fome sim, mas fome de reconhecimento, de acolhida na sociedade, de lazer, de cultura e de mostrar o que sabem: cantar, dançar, criar poemas críticos, celebrar a convivência humana. E querem trabalhar para ganhar sua vida. Tudo isso lhes é negado, porque, por serem pobres, negros, mestiços sem olhos azuis e cabelos loiros, são desprezados e mantidos longe, na margem.
Esse tipo de sociedade pode ser chamada ainda de humana e civilizada? Ou é uma forma travestida de barbárie? Esta última lhe convem mais. Os rolezinhos mexeram numa pedra que começou a rolar. Só parará se houver mudanças.
* Leonardo Boff é filósofo, teólogo, escritor e comissionado da Carta da Terra.
** Publicado originalmente no site Carta Maior.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Um dia ainda teremos uma só religião...

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A imagem teve um grande impacto sobre as redes sociais em poucos segundos. O ex-cardeal Jorge Bergoglio realizou um almoço com 15 líderes da comunidade judaica da Argentina, que desfrutaram de uma refeição KOSHER e cantaram em hebraico, na própria residência do Papa em Santa Marta, no Vaticano. Uma simples mesa redonda simbolizava um marco na história do diálogo inter-religioso. 
Algo diferente aconteceu na residência do Papa Francisco. 
Os quinze líderes da comunidade judaica argentina, que tiveram a oportunidade de participar de uma reunião com o líder maior da Igreja Católica ficaram simplesmente entusiasmados. 
O Papa recebeu-os como seus "irmãos" e tornou o almoço um momento "histórico". 
O ex-cardeal Jorge Bergoglio sentou-se amigavelmente em uma mesa cercada por rabinos e líderes da comunidade judaica. 
"Nada mais será igual. Na minha vida é algo inesquecível ", disse o presidente de uma entidade israelita que participou da reunião. "Ele tem um significado global da presença da comunidade judaica com o Papa." 
Alguns dos participantes disseram ter a certeza de que foi a primeira vez que a comida Kosher foi servida, e que foi cantado em hebraico, no Vaticano. 
Uma mesa simples e redonda simbolizava um marco na história do diálogo inter-religioso. 
"Hine ma tov Uma Naim shevet ahim gam Yahad" foi a música que foi cantada com o Papa, e é o fragmento de um Salmo de David que diz que "como agradável e bonito é irmãos se sentarem juntos. " 
Talvez o momento mais emocionante, e que causou a espontaneidade que reflete esta fotografia tão cativante, foi quando o vinho de mesa Kosher foi compartilhado e fez com que todos brindassem um  l'chaim (um brinde à vida).