
Iniciação ao Futsal: As crianças jogam para
aprender ou aprendem para jogar?
O futsal desenvolveu-se, substancialmente nas últimas
décadas, isso deve-se às significativas alterações ocorridas nas suas regras,
tornando-o um esporte mais dinâmico, competitivo e atraente.
No Brasil, as crianças constituem grande
parte dos que praticam futsal, então, não podemos deixar passar despercebido, o
fato de que é precoce ensinar um único tipo de esporte para crianças de 07 e 08
anos, principalmente, quando observamos que alguns treinos de futsal para
iniciantes, é destinado a repetição de gestos técnicos, isto é, à
especialização técnica precoce. Além da especialização gestual e tática
prematuras, vemos que a intensidade nos treinamentos, a pressão dos pais para
obter bons resultados, a cobrança excessiva do técnico em competições, a
insegurança e o medo de errar, constituem-se, em possíveis motivos de abandono
do futsal entre adolescentes.
Em virtude do exposto, nos parece plausível
que a maioria das crianças apresente dificuldades em administrar a pressão
emocional exercida por parte da torcida ‘’familiar’’, sobretudo quando se trata
de competições federadas, nas quais, o clima de disputa tende a ser mais
acirrado e, em alguns casos, hostil, pois o resultado do jogo implica, quase
sempre em classificação ou desclassificação da equipe para fases futuras da
competição. Outro agravante da competição federada para crianças reside em sua
baixa participação nos jogos. Parte dos técnicos, a fim de dar conta de todas
as expectativas geradas em torno desse tipo de competição, pode preterir
algumas crianças e privá-las da participação nos jogos, geralmente as de
maturação tardia. Neste caso o esporte que deveria se constituir num
facilitador educacional, fomentando competições educativas no lugar de
estressantes, dissemina a seletividade e a ideologia da vitória a qualquer
custo.
Por outro lado, parece razoável que as competições,
como festivais e torneios de curta duração, por serem mais dados à cooperação,
possibilitariam a participação de mais crianças. Como decorrência, vê-se
aumentada a chance dos técnicos assegurarem a participação de todas e
ofertá-las uma mesma premiação. Neste caso, por participação e não por
desempenho. Sinaliza-se para o fato de que os responsáveis pela organização e a
manutenção desses tipos de eventos, se preocupam com quem joga, isto é, há a
preocupação em proporcionar um ambiente favorável(prazeroso, cooperativo e
livre de tensões) para o desenvolvimento
da criança.
Podemos perceber que entre crianças na faixa
etária de 10 aos 12 anos, praticantes de diferentes modalidades, a saúde e o
desenvolvimento são fatores mais significativos de aderência ao esporte que a
auto realização (competir para vencer). Por conseguinte, no lugar de gerar
tantas expectativas sobre os resultados, competir deveria oportunizar aos
iniciantes fazer amizades e desenvolver autoestima, propiciar o prazer de jogar
e aprender a lidar com vitórias e derrotas.
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